Michel de Montaigne

Se eu fosse um fabricante de livros, faria um registo comentado das diversas mortes. Quem ensinasse os homens a morrer, ensiná-los-ia a viver.

Poucos homens foram admirados pelos seus criados.

Parece, na verdade, que nós nos servimos das nossas orações como de um jargão e como aqueles que empregam as palavras santas e divinas em feitiçarias e em efeitos de magia.

Os que têm tentado reformar os costumes do mundo, no meu tempo, com opiniões novas, reformam os vícios da aparência; quanto aos da essência, deixam-nos intactos, quando não os aumentam.

Não podendo regularizar os outros, regularizo-me a mim mesmo.

Quando puder ser temido, ainda mais me quero fazer amar.

Uma fealdade e uma velhice confessada são, a meu ver, menos velhas e menos feias do que outras disfarçadas e esticadas.

O lucro do nosso estudo é tornarmo-nos melhores e mais sábios.

É uma perfeição absoluta, como que divina, o sabermos desfrutar lealmente do nosso ser.

Saber de cor não é saber: é conservar aquilo que se deu a guardar à memória.